domingo, 20 de novembro de 2011

Decepções ? Como encará-las?




' "Oh chega de decepções, estou tão machucada, me doem a nuca, a boca, os tornozelos, fui chicoteada nos rins.' Clarice Lispector" .

Quantas vezes, experimentamos  sentimento como esse da Clarice ?

Tem coisas  na vida da  gente que precisam de um certo tempo para
assimilarmos. Outras, não escolhem uma determinada hora para se
revelarem... Qualquer hora é hora, sem aviso, sem itinerário preciso,
sem qualquer cerimonia ou discurso de apresentação...
Precocemente aprendi o significado da palavra decepção.
Chorei muito, desejei morrer, briguei com o mundo silenciosamente,
porque tem coisas que a gente guarda com a gente, porque machucam
muito... Mas, erramos ao guardá-las, não nos servirão para nada nesta vida.

Quando penso na palavra decepção, associo-a à pessoas...

Quem na vida, não já chorou por ter sido atingido visceralmente pela dor causada pela decepção?
Quase sempre, quem nos decepciona nunca chega a perceber, o tamanho do estrago que causou em alguém, que durante um longo trecho de sua vida, esteve ali ao seu lado, trazendo-lhe acolhimento e apoio para as horas mais difíceis...
E a dor que vem com a decepção, atinge-nos em cheio, sem chances de  qualquer defesa...
Exatamente! Ficamos frágeis, vulneráveis e literalmente no chão.
Somos atingidos no peito, onde alojamos as nossas emoções e sentimentos mais nobres.
Quem se decepciona com alguém, não pensa em revides ou qualquer forma de agressão.
Geralmente, quem se decepciona é o agredido. É o ofendido.
E esse alguém, não se protege porque costuma mergulhar de cabeça, sem
segundas intenções, máscaras ou  qualquer escudo de proteção.
Diante de uma situação como essa, cabe-nos acionar todas as forças, ainda
existentes para enxugarmos as lágrimas e  depois, dar a volta por cima, sem rancores nem adeus às convicções intimamente nutridas.
Os nossos canais existenciais não precisam reprisar sentimentos amargos, dolorosos de ser diluídos no tempo e no espaço.
Teremos que ser fortes e resolutos porque a vida é feita de embates e  surpresas  inesperadas.
Precisamos seguir em frente, construindo alicerces oferecidos pelo que a vida nos deu como experiência e aprendizado.
Os dissabores ficarão esquecidos distantes dos nossos  roteiros e celebrações.

' "Os nossos melhores sucessos vêm depois de nossas maiores decepções.'
Henry Ward Beecher "

Lis Lisboa

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quando virá um verão, dourado de certezas merecidamente possiveis ?

Beauty_of_nature_10_13

Mais do que máquinas precisamos de humanidade.
Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura.
Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.
Charles Chaplin


Tenho andado com a preguiça à tiracolo, quando penso que tenho que atender  ao comando do relógio,  às cinco da manhã de um horário chato, chamado de Verão, com  tolerância zero para  enfrentar a rotina dos engarrafamentos,  a qualquer hora do dia ou da noite ou para aceitar sem indignar-me , que  na minha cidade, as pessoas estejam morrendo de meningite e a população ainda não tenha sido vacinada, que as pessoas se queixem tanto da falta de dinheiro e  as lojas estejam abarrotadas de clientes ávidos para voltar para casa com as sacolas cheias de presentes para o Natal...
Às vezes, penso que estou tendo um pesadelo. As manchetes se renovam por segundo, os relacionamentos são interrompidos a cada piscar de olhos,  os amores partem em  sentidos opostos e as escolhas não assumem qualquer compromisso em seu curto prazo de validade.
O Tempo não parou.Algumas coisas continuam no mesmo compasso, outras estão sendo aceleradas.
As chuvas torrenciais  mais uma vez  nos surpreendem ,  mas devastam  da mesma forma. Arrastam casas e pertences de um povo que desabriga a sua alma, porque o corpo há muito se expõe ao frio e à  fome em um canto de dor e solidão, que poucos conseguem escutar de tão frágil e inseguro diante da fúria incontrolável  das águas... As imagens  nem conseguem capturar os estragos.  Mais uma vez, estamos tendo um pesadelo incoerente com os discursos dos homens que pensávamos conhecer?
Teremos um verão tranquilo em nossas cidades ou estaremos a cada instante, sobressaltados com qualquer dor de cabeça mais persistente?
Será teimosia esperarmos por  um metrô que nos deixou na estação ou frustração por não termos atravessado, pela primeira vez,  pequenos trechos da nossa cidade repletos de igrejas, ladeiras e orixás?

Hoje, não abri os livros, não pedi sobremesa, não ouvi a Antena1, não me envolvi em edredons, nem em lençóis de cetim...
Hoje, simplesmente , desliguei ,  saí por aí , sem hora para voltar... Afinal, eu não sou de ferro, trabalho muito e ganho pouco,  preciso só de um tantinho de tempo, para  caminhar nas calçadas, ser gente como todo mundo, ser qualquer um , ser cidadão e sonhar com a esperança  verdinha e amarela, sob aquele sol,  que desperta-nos mil certezas e diz pra todo mundo ouvir :

"Já pintou  o verão, calor no coração , a festa vai começar..."

Lis Lisboa