"'Mas, tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo -
quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo,
não sei me entregar à desorientação.'
Clarice Lispector'"
Já ouvimos muita gente dizer que não acredita no amor, que tem medo de amar e se tornar eternamente refém de um sentimento que poderá sofrer desgastes com o tempo..
Quando alguém diz claramente não acreditar no amor, antes de tudo, está negando o amor
a si próprio, as heranças sentimentais que compartilhou com a família, parentes, amigos, professores, colegas e chefes queridos.
Sabemos que algumas pessoas carregam marcas pesadas das lembranças da infância, do desenrolar da adolescência e que por isso, vivem as consequências desses absurdos, por boa parte de suas vidas, mas a chance de amar e ser amado, lá na frente, poderá estar vinculada ao desejo de acionar a própria sensibilidade e buscar as ferramentas para experimentar novas emoções, com todas as sutilezas que delas derivarem, sem tanto stress e eternos arrependimentos.
É impossível e injusto para qualquer pessoa manter essa sentença indefinidamente.
Quem ama não se aprisiona, pelo contrário, ao entregar-se espontâneamente, rompe qualquer algema porque aprendeu a dar e a receber amor, livre de impostos e taxas extras.
A nenhum ser será negado o direito de experimentar o sabor da felicidade, ainda que esta seja, por vezes, efêmera ou pouco correspondida..
Para entendermos o amor, precisaremos antes de tudo, saber mais sobre ele.
As primeiras perguntas para as quais buscaremos respostas, serão :
O amor existe? O amor pode ser eterno? Qual é a forma mais correta de amar? A quem devemos amar? Por que se sofre por amor?
Diante de tudo que se fala e não se conhece o suficiente sobre o amor , ainda assim, poderemos afirmar que ele não é um fantasma.
Mesmo sendo invisível consegue ser percebido, quando invade as estações, refúgios íntimos e pessoais de cada ser, para atingi-los de alguma forma, as vezes, avassaladora, outras, hipnotizadoras ou secretamente criativas...
Assim sendo, o amor é incontestavelmente o mais completo e mobilizador sentimento experimentado por todo ser humano , acima do seu querer e objetividade.
O amor pode ser eterno?
Aprendemos com as nossas tradições que o amor verdadeiro é aquele que se perpetua, que enfrenta tempestades e tsunamis, mantendo-se inteiro e firme por toda a vida.
Crescemos com essa definição formatada e condicionada no tempo e no espaço, dando as outras definições, adversas a essa teoria, o rótulo de fracasso e frustração por inúmeras incompatibilidades vindas à tona, na hora do desfecho final.
Hoje, outras noções fundamentam esse amor, porque cada um criou para si, a sua forma particular de amar.
Quando se decide construir um amor e uma relação a dois, não se estabelece previamente a sua durabilidade, não se prescreve uma dieta para alcançar o perfil ideal na trilha dos sentimentos.
Será que poderíamos definir como fracasso e frustração, rompermos uma relação que já não consegue evoluir nem tocar a alma de cada parceiro?
Quando acaba a poesia, o amor se desfaz?
Será que teremos sempre uma resposta convincente para perguntas como essa?
Todos os momentos em que o amor estiver em cena, certamente terá uma duração eterna.
A poesia no contexto amoroso é uma parceira indispensável, porque quebra o rigor das tensões, das reações mais bruscas , das definições drásticas, além de estimular as ideias no sentido de apimentar a relação, de permitir que no jogo da sedução o casal crie um repertório personalizado de palavras e situações motivadoras para os momentos felizes, a qualquer hora, sem cortes e censuras na intimidade merecidamente desejada.
Voltar à realidade trazida pela rotina, após essas alquimias, costuma ser um "recarregar" de baterias para os confrontos do cotidiano, além de ser um grande suporte para reconhecer e valorizar as virtudes do outro, nessa convivência pelos tempos afora.
Quando a tolerância for acionada para moderar os conflitos gerados no dia a dia de quem se renova, mas que não perde de vista, o redimensionamento de seu sentimento, abrirá espaço para que o amor caminhe sem preocupações por sua eternidade surpreendentemente possível. Alguns já conseguiram comprovar essa realidade...
Quando tudo amornar, precisaremos perceber o que aconteceu sem levantar culpados ou
inimigos aparentes.
A sensatez não apontará culpados, mas evidenciará decisões e consequências.
Mesmo que a maioria das relações não leve o timbre dos " felizes para sempre" terá o seu devido valor como importante referência para outros recomeços.
A expressão tão comum, "não deu certo" faz parte de uma equivocada maneira de avaliar as escolhas e decisões que atravessam as nossas vidas. O ato de mudar os nossos roteiros não significa que os trechos percorridos não tenham tido os seus atrativos e singularidades.
Qual é a forma mais correta de amar?
Na verdade não é o amor que acaba, nós é que mudamos a nossa forma de amar, porque o tempo nos faz mudar, nos transforma em pessoas diferentes das que fomos um dia.
Á medida em que nos tornamos mais exigentes, costumamos apurar as falhas do outro, dando a intolerância o comando e o leque de decisões.
Como poderemos subestimar a inteligência e os mistérios que se abrigam no interior do nosso parceiro?
"'O mistério não é um muro
onde a inteligência esbarra,
mas um oceano
onde ela mergulha'
onde a inteligência esbarra,
mas um oceano
onde ela mergulha'
Gustav Thibon"
O rigor excessivo é um item estranho na linguagem do amor.
Somos nós que precisamos nos adequar à prática desse verbo..
Mesmo evoluíndo e progredindo ao longo dos nossos investimentos pessoais, não devemos abandonar nem esquecer a simplicidade para reconhecer, que ainda assim, não estamos prontos.Sempre teremos a necessidade de complementaridade.
Se mudarmos demais em postura e em pensamento , não poderemos entrar em sintonia com quem compatibiliza emoções e projetos em comum.
Porque na esfera do amor as linguagens são convergentes e o compartilhar nivela os seus integrantes.
Até mesmo, quando o entendimento final estabelecer despedidas e decisões improrrogáveis, um canal de amizade deverá ser mantido no acervo interior dos envolvidos, longe das queixas e criticas de quem quer que seja.
Nas áreas privativas do amor, não se conjuga regras gerais. Nem todo término enseja batalhas e trágicos duelos.
Não se sofre por amor e sim por não saber amar.
Quando poderemos aprender essas lições?
Será que as nossas avós esqueceram de nos contar esses segredos?
Mesmo que tenhamos inúmeros exemplos de relacionamentos amorosos bem sucedidos , nunca poderemos
repetir as experiências alheias, porque a forma de pensar e agir de cada pessoa é individual e intransferivel.
Mas, poderemos cuidar da nossa forma de amar e expressar sentimentos, a partir do desejo de aceitar o outro com a sua essência e jeito de ser preservados.
" 'Suponho que me entender não é uma questão de inteligência
e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.'
Clarice Lispector"Ou toca, ou não toca.'
A quem devemos amar?
O click das emoções não define nem sorteia os pares que juntos conhecerão os mistérios e deleites da paixão e a serenidade e nobreza do amor.
Por isso, torna-se difícil controlarmos a nossa ansiedade diante da espera desse alguém sem rosto, sem nome e identidade, solto em algum lugar do mundo, para inesperadamente, surgir de malas na mão, sem sequer imaginar , que a sua vida, a partir dali, ganhará um novo sentido.
Dentro da singular experiência do envolver-se, quando o amor traça as suas súbitas pretensões, dispara os seus sensores de forma indefensável, acionando os olhos e demais órgãos dos sentidos em torno do seu campo de atuação.
E sem percebermos somos invadidos por essa onda de sensações mistas e de poderes surpreendentes. Até ai, as incertezas se desgovernam nem sabemos por quem nos apaixonaremos, se teremos tempo para divulgar ou não, restrições de qualquer ordem e natureza.
Seria impossível, definir a durabilidade da avalanche de desejos que esse sentimento poderá gerar, mas valerá à pena sabermos que uma nova conexão e sintonia poderão ser bem vindas.
Após essa fase, tudo se processará de acordo com as nossas escolhas que viajarão, incansavelmente, entre os territórios da maturidade e sensatez, ambas, filtros importantes para equilibrar as emoções mais rebeldes, criadoras de grandes tempestades e vendavais, quase sempre ameaçadores das propostas de paz, enfatizadas para novos recomeços.
Quando exercitamos a linguagem poética do amor, muitas vezes, mudamos de idioma. As palavras soam diferente e seus significados passam a ser traduzidos pelo olhar que inexplicavelmente define aquilo que da boca não sai e que dispensa qualquer interpretação mais explícita..
E você, diante de tudo que já ouviu e leu sobre o amor, quando estará pronta para amar?
Lis Lisboa
Adorei o seu texto e o seu Blog!
ResponderExcluirSaiba que vou segui-lo sempre para ficar antenada com essas dicas maravilhosas aqui postadas.
Adorei o seu estilo de Escrever , você passa muita clareza naquilo na sua forma de escrever.
Continue postando, tá?
Estou precisando muito pensar diferente, acreditando mais em mim mesma, no meu potencial.
Li tudinho, viu?
Até a próxima postagem.
Rebeca -Jardins -Sp
Olá!
ResponderExcluirEncontrei o seu blog acessando o Google.
Entrei por pura curiosidade e adorei!
Conteúdo rico em metáforas bem colocadas e de alto nivel.
Vá em frente!
Estarei por aqui, a partir de agora!
Almir - Jornalista SP
Adorei o Blog e gostaria sinceramente de ter conseguido deixar um registro meu sobre o que li, como não consegui, o que havia escrito lá enviarei por aqui:
ResponderExcluirGosto como você se expressa e brinca com as palavras traduzindo com sutileza e suavidade as diversas faces do amor.
Sucesso !!!!
Estarei sempre por aqui !!!!!! Com carinho: TUXA
Lis, eu estou comovido com a sua sensibilidade. Sem narrar uma história propriamente dita, você fez com que momentos da minha própria história
ResponderExcluirretornassem à minha lembrança.
Neste momento meu desejo é de ter um lápis na mão e ir grifando os parágrafos que mais gosto. Todos escritos com grande maestria, vindos diretamente das suas sintonias e harmonias mais que especiais.
Parabéns pelo blog e continue me(nos) surpreendendo através de teus escritos. (Ledomeni)
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ResponderExcluirLedomeni:
ResponderExcluirPalavras amigas costumam ter os timbres do coração.Tomam vários rumos e em algum ponto, encontram um poço de surpreendentes emoções. Muitas delas inconfessáveis, mas indefinidamente prisioneiras do desejo de retornarem no tempo e no espaço, certamente com mais intensidade... São as heranças que guardamos só pra gente e sempre acionamos quando a saudade nos inquieta. Que bom ler o seu comentário. Adorei. Ele é muito especial para mim.Volte mais vezes.
Lis