domingo, 21 de agosto de 2011

Pronta Para Amar...


"'Mas, tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo -
 quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo,
 não sei me entregar à desorientação.'
 Clarice Lispector'"

Já ouvimos muita gente dizer que não acredita no amor, que tem medo de amar e se tornar eternamente  refém de um sentimento que poderá sofrer desgastes com o tempo..

Quando alguém diz claramente não acreditar no amor, antes de tudo, está negando o amor
a si próprio, as heranças sentimentais que compartilhou com a família, parentes,  amigos, professores, colegas e chefes queridos.
Sabemos que algumas pessoas carregam marcas pesadas das lembranças da infância, do desenrolar da adolescência e que por isso, vivem as consequências desses absurdos, por boa parte de suas vidas, mas a chance de amar e ser amado, lá na frente, poderá estar vinculada ao desejo de acionar a própria sensibilidade e buscar as ferramentas para experimentar novas emoções, com todas as sutilezas que delas derivarem, sem tanto stress e eternos arrependimentos.
É impossível e injusto para qualquer pessoa manter essa sentença indefinidamente.
Quem ama não se aprisiona, pelo contrário, ao entregar-se espontâneamente, rompe qualquer algema  porque aprendeu a dar e a receber amor, livre de impostos e taxas extras.
A nenhum ser será negado o direito de experimentar o sabor da felicidade, ainda que esta seja, por vezes, efêmera ou pouco correspondida..
Para entendermos o amor, precisaremos antes de tudo, saber mais sobre ele.

As  primeiras perguntas  para as quais buscaremos respostas, serão :

O amor existe?  O amor pode ser eterno?  Qual é a forma mais correta de amar? A quem devemos amar?  Por que se sofre por amor?

Diante de tudo que se fala e não se conhece  o suficiente sobre o amor ,  ainda assim, poderemos afirmar que ele não é um fantasma.
Mesmo sendo invisível consegue ser percebido, quando invade as estações, refúgios íntimos e pessoais de cada ser, para atingi-los de alguma forma, as vezes, avassaladora, outras, hipnotizadoras ou secretamente criativas...
Assim sendo, o amor é incontestavelmente o mais completo  e mobilizador sentimento experimentado por todo ser humano , acima do seu querer e objetividade.

O amor pode ser eterno?

Aprendemos com as nossas tradições que o amor verdadeiro é aquele que se perpetua, que enfrenta tempestades e tsunamis, mantendo-se inteiro e firme por toda a vida.
Crescemos com essa definição formatada e condicionada  no tempo e no espaço, dando as outras definições, adversas a essa teoria, o rótulo de fracasso e frustração por inúmeras  incompatibilidades vindas à tona, na hora do desfecho final.
Hoje, outras noções fundamentam esse amor, porque cada um criou para si, a sua forma particular de amar.
Quando se decide construir um amor e  uma relação a dois, não se estabelece previamente a sua durabilidade, não se prescreve uma dieta para alcançar o perfil ideal na trilha dos sentimentos.
Será que poderíamos definir como fracasso e frustração, rompermos uma relação  que já não consegue evoluir nem tocar a alma de cada parceiro?
Quando acaba a poesia, o amor se desfaz?
Será que teremos sempre uma resposta  convincente para perguntas como essa?
Todos os momentos em que o amor estiver em cena, certamente terá uma duração eterna.
A poesia no contexto amoroso é uma parceira indispensável, porque quebra o rigor das  tensões, das reações mais bruscas , das definições drásticas, além de estimular as ideias no sentido de apimentar a relação, de permitir que no jogo da sedução  o casal crie um repertório personalizado de palavras e situações motivadoras para os momentos felizes, a  qualquer hora, sem cortes e censuras na  intimidade merecidamente desejada.
Voltar à realidade trazida pela rotina, após essas alquimias, costuma  ser  um "recarregar" de baterias para os confrontos do cotidiano, além de ser um grande suporte para reconhecer e valorizar as virtudes do outro,  nessa convivência pelos tempos afora.

Quando a tolerância for acionada para moderar os conflitos gerados no dia a dia de quem se renova, mas que não perde de vista, o redimensionamento de seu sentimento, abrirá espaço para que o amor caminhe sem preocupações por sua eternidade surpreendentemente possível. Alguns já conseguiram comprovar essa realidade... 

Quando tudo amornar, precisaremos perceber o que aconteceu sem levantar culpados ou
 inimigos aparentes.
A sensatez não apontará culpados, mas evidenciará decisões e consequências.
Mesmo  que a maioria das relações não leve o timbre dos " felizes para sempre" terá o seu  devido valor como   importante referência para outros recomeços.
A expressão tão comum, "não deu certo"  faz parte de uma equivocada maneira de avaliar as escolhas e decisões que atravessam as nossas vidas. O ato de mudar os nossos roteiros não significa que os trechos percorridos não tenham tido os  seus atrativos e singularidades.



Qual  é a forma mais correta de amar?

Na verdade não é o amor que acaba, nós é que mudamos a nossa forma de amar, porque o tempo nos faz mudar, nos transforma em pessoas diferentes das que fomos um dia.
Á medida em que nos tornamos mais exigentes, costumamos apurar as falhas do outro, dando a intolerância  o comando e o leque de decisões.
Como poderemos subestimar a inteligência e os mistérios que se abrigam no interior do  nosso parceiro?
"'O mistério não é um muro
  onde a inteligência esbarra,
  mas um oceano
  onde ela mergulha'
       Gustav Thibon" 

O rigor excessivo é um item estranho na linguagem do amor.
Somos nós que precisamos nos adequar à prática desse verbo..
Mesmo evoluíndo e progredindo ao longo dos nossos investimentos pessoais,  não devemos abandonar  nem esquecer a simplicidade para reconhecer, que ainda assim, não estamos prontos.Sempre teremos a necessidade de complementaridade.
Se mudarmos demais em postura e em pensamento , não poderemos entrar em sintonia com quem compatibiliza emoções e projetos  em comum.
Porque na esfera do amor as linguagens são convergentes e o compartilhar nivela os seus integrantes.
Até mesmo, quando o entendimento final estabelecer despedidas e decisões improrrogáveis, um canal de amizade deverá ser mantido no acervo interior dos envolvidos, longe das queixas e criticas de quem quer que seja.
Nas áreas  privativas do amor,  não se conjuga regras gerais. Nem todo término enseja batalhas e trágicos duelos.
Não se sofre por amor e sim por não saber amar.
Quando poderemos aprender essas lições?
Será que as nossas avós esqueceram de nos contar esses segredos?
Mesmo que tenhamos inúmeros exemplos de relacionamentos amorosos bem sucedidos , nunca poderemos
repetir as experiências alheias, porque a forma de pensar e agir de cada pessoa é individual e intransferivel.
Mas, poderemos cuidar da nossa forma de amar e expressar sentimentos, a partir do desejo de  aceitar o outro com a sua essência e jeito de ser preservados.

" 'Suponho que me entender não é uma questão de inteligência
e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.'
Clarice Lispector"


A quem devemos amar?

O click das emoções não define nem sorteia  os pares que juntos conhecerão os mistérios e deleites da paixão e a serenidade e nobreza do amor.
Por isso,  torna-se difícil controlarmos a nossa ansiedade diante da espera desse alguém sem rosto, sem nome e identidade, solto em algum lugar do mundo, para  inesperadamente, surgir de malas na mão,  sem sequer imaginar ,  que a sua vida,  a partir dali, ganhará  um novo sentido.
Dentro da singular experiência do envolver-se, quando o amor traça as suas súbitas pretensões, dispara os seus sensores de forma indefensável, acionando os olhos e demais órgãos dos sentidos  em torno do seu campo de atuação.
E sem percebermos somos invadidos por essa onda de sensações mistas e de poderes surpreendentes. Até ai,  as incertezas se desgovernam nem sabemos por quem nos apaixonaremos, se teremos  tempo para divulgar ou não, restrições de qualquer ordem e natureza.
Seria impossível, definir a durabilidade da avalanche de desejos que esse sentimento poderá  gerar, mas  valerá à pena sabermos que uma nova conexão e sintonia poderão ser bem vindas.
Após essa fase,  tudo se processará de acordo com as nossas escolhas que viajarão, incansavelmente, entre os territórios da maturidade e  sensatez, ambas, filtros importantes para equilibrar as emoções mais rebeldes, criadoras de grandes tempestades e vendavais, quase sempre  ameaçadores das propostas de paz, enfatizadas para novos recomeços.


Quando exercitamos a linguagem  poética do amor, muitas vezes, mudamos de idioma. As palavras soam diferente e seus significados passam a ser traduzidos pelo olhar que inexplicavelmente define aquilo que da boca não sai e que dispensa qualquer interpretação mais explícita..

E você, diante de tudo que já ouviu e leu sobre o amor, quando estará  pronta para amar?

Lis Lisboa

domingo, 14 de agosto de 2011

Martha Medeiros , Mais Uma Mulher Da Casa Das Palavras...



“‘A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo, quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.’Martha Medeiros”

Dialogando com  intimidade sobre os fatos da vida, Martha Medeiros nos convida a refletir sobre a arte e a sabedoria de olhar o que acontece  no cotidiano, sem  tantos porquês e enigmas indecifráveis, em seu novo livro “feliz por nada”.
O livro é uma coletânea de textos publicados,  originalmente,  nos jornais "Zero Hora" e "O Globo", de onde é colunista. A Editora é a LPM.
Você que é um (a) devorador (a)  de livros da referida autora, não pode  deixar de conferir  mais esse presente chegado, tão oportunamente, não é mesmo?
Lis Lisboa

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Onde está a Felicidade?

Onde Está a Felicidade?

Com estreia, em Rede Nacional, prevista para o próximo dia 19 de agosto, a Comédia Romântica Onde Está a Felicidade? já evidenciava, os primeiros sinais, de que seria lider de bilheterias.
Agora, isso se confirmará, sem sombras de dúvidas, depois que o longa conseguiu ganhar o troféu  "Menina de Ouro", concedido ao melhor filme  eleito pelo público no Festival de Paulínea e o de melhor atriz coadjuvante para  a popularissima dama  da dramaturgia espanhola  Maria Pujalte.

O filme traz o roteiro de Bruna Lombardi e a direção de Carlos Alberto Riccelli. É uma coprodução Brasil/Espanha, ambientada nos dois paises, sendo distribuida pela Fox Film do Brasil.
O Enredo mergulha nos labirintos de conflitos existenciais de sua personagem Theodora que busca desesperadamente respostas para o seu desejo de ser feliz, não importando os meios para obtê-las.
Assim parte, com seus amigos,  rumo a tentativa de espiritualizar-se, fazendo o "Caminho de Santiago de Compostela ", onde a história ganha corpo e retrata todas as perfomances utilizadas pela chef de cozinha para alcançar os seus objetivos, depois, de tantas desilusões no emprego, no casamento ( onde se sente desvalorizada)  e nas mensagens absorvidas pela realidade que deixa para trás , quando resolve  descobrir  Onde Está a Felicidade?
Acho que todos devem estar desejosos de conferir os resultados dessa  jornada, com apimentadas doses de humor e descontração, recomendada para um fim de noite, depois, de um dia de intenso trabalho.
E você já descobriu onde está a sua Felicidade?
Lis Lisboa

domingo, 7 de agosto de 2011

Acervo Interior !



Caminhando pelas estradas percorridas por José Saramago, apoderei-me de um dos trechos
que evidenciavam uma importante sinalização :

" A vida é breve , mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver "

Todos nós possuímos uma casa, um acervo interior e um caminho a seguir , neles abrigamos sonhos, família, palavras, histórias, lembranças,desafios, escolhas, amizades, parcerias, paixões, amores, conquistas, desafetos, tristezas, recomeços...
E por mais que convidemos outros integrantes para compô-los, sempre haverá um espaço para acomodá-los adequadamente!
Às vezes, quando menos percebemos, estamos no porão, no andar das lembranças, à procura de trechos e registros do passado, que de repente, ressurgem na linha do tempo para desacomodar as certezas e caminhar entre aquilo que ficou mal resolvido, intrigantemente revolvido e a um toque ou simples descuido, chamado à realidade.
Para quê e por quê nos detemos diante do que o passado havia levado para longe, bem distante de nós?
Muitas vezes, juramos não chorar nem nos arrepender. O final  de cada jornada será sempre colocado sem indecisões e lutos permanentes.
Sacudimos a poeira, abrimos as janelas e deixamos novamente a luz do sol penetrar pela casa a dentro.
Como poderemos afirmar que, certos itens, de nossas histórias deixarão de ter e fazer algum sentido em nossas vidas?
A vida tem o seu próprio curso e não abranda os desafetos nem promove workshoppings de memórias para o que ela retrata.
Simplesmente nos oferece alguns de seus cenários e um espaço no tempo para registrarmos aquilo que criamos e desejamos concretizar. "Quando e por quê acaba," para ela é indiferente.
Se lidamos com esse elemento tão indiferente às nossas mazelas e realizações, precisamos acionar as nossas fontes de intuição e sabedoria para cuidarmos com especial atenção, de tudo que o universo colocará em nossas mãos, tornando-nos mais sensíveis e brandos diante dos embates da vida.
Se algum dia, tivermos que resgatar algo que ficou para trás, mostrando-nos hoje, o quanto fomos imaturos e intransigentes em nossas avaliações e critérios, que sejamos corajosos diante dessa nova possibilidade de tentar.
Nossas certezas nunca serão absolutas porque a vida sempre promoverá muitas chances de escolhas e recomeços. Se somos imperfeitos não toleramos lidar com as imperfeições do outro.
Somente quando alcançarmos esse trecho da estrada é que perceberemos tudo que deixamos de  viver por medo de arriscar e por excessivo rigor manifestado em nossas atitudes.

" 'Você é livre para fazer escolhas, mas prisioneiro das consequências' Pablo Neruda"

Concordando com os poetas citados, será importante refletirmos sobre nossas ações e os danos que elas causam a terceiros e a nós mesmos , quando se instalam  irremediávelmente distantes de qualquer pretensão de resgate.
Lis Lisboa
                                           

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Viver a Dois...


Será que consegui graduar-me na história de mim mesma?
Será que aprendi tudo que deveria saber sobre a minha vida?
Onde foi parar cada desejo que joguei de lado, experimentando
 o amargo sabor de derrota arranhando a minha garganta?
Quantas vezes estive diante do espelho e percebi que os meus olhos, não refletiam o mesmo brilho, que contagiava a todos, por qualquer motivo, celebrando o mágico, emoldurado em emoções simples, mas de eterna nitidez no meu túnel do tempo?
Dentro desse tabuleiro de questões, antes de conferir o gabarito com as respostas, preciso confessar a grande dificuldade que senti ao ver o mundo de frente para mim, exigindo-me atitudes, ainda, tão imatura para buscar alternativas mais precisas.
E assim, a vida foi virando as suas páginas em cenários e contextos ricos em ofertas para o meu aprender.
Começando a viver em diferentes sintonias e apelos urgentes, passei a perceber o mundo que me aguardava, em suas jornadas imprevisíveis e surpreendentemente transitórias.
Procurei caminhar através dos livros e neles encontrei a Literatura que buscava para inventar os caminhos que, agora, seriam meus por direito.  Fui aprendendo a fazer uso da minha sensibilidade para conviver serenamente com os amigos e pessoas que também aprendiam a conviver melhor comigo.
Cada resposta mais instigante que a outra que eu obtinha, advinha da minha forma de expressar e sentir.
Essas trocas evoluíram ao longo do tempo, dando-me a certeza de que somos responsáveis diretos por nossas queixas, ranços e incômodos.
Ninguém poderá ser responsabilizado pelas minhas irritações, neuras e
tpms. 
Refletimos aquilo que somos, pensamos e sentimos e não toleramos encontrar no outro, traços comuns as nossas fraquezas.
Temos que descobrir aquela porção que precisa oxigenar mais, o nosso bom senso, para preenchê-lo com leveza e serenidade, em beneficio da arte de viver sozinho, a dois, a três, a quatro, a cinco... E mesmo, quando, a ordem decresce de cinco para quatro, depois para três, depois dois, depois para um, e novamente, ser dois ou mais,
a qualquer tempo e desejo de simplesmente recomeçar com novos critérios, escolhas e prioridades.
Toda vez que você acordar e considerar impossível dar a volta por cima de qualquer dificuldade lembre-se que esta sensação logo desaparecerá, se você encarar de frente essa situação.
Se você deseja dias coloridos e radiosos, carregue nas tintas e pinte o dourado do sol em profusão, sobre o seu telhado, certamente as portas e janelas permitirão, que os seus dias se eternizem, mesmo que sejam, apenas, em sentido e qualidade.  A escala do tempo de nada servirá sem essas alquimias tão bem sintonizadas.
Busque a sua melhor porção no curso das coisas e desejos que compõem a sua história, ainda, inacabada.
Atenção! Não, responsabilize o outro por, ainda, não conhecer os caminhos que você usou para chegar primeiro. Cada um tece o seu próprio tempo.
Não apure as falhas do outro tão rigorosamente.  Mas, seja paciente e tolerante para esperar o momento certo de chegarem juntos à realidade sonhada.
Lis Lisboa