Johanna Basford : Ilustradora faz sucesso
com livro de colorir para adultos que já
vendeu mais de 1 milhão de cópias.
Salvador, 05/01/2016
Tenho pensado muito na capa do meu livro.
Queria que ela sintonizasse com tudo que tentei
expressar em cada capitulo, em cada vírgula
ou nas reticências...
Será que o titulo está adequado ao tema que
escolhi?
Será que o titulo e as imagens da capa impactarão
os leitores, à primeira vista?
E as cores conseguirão tocar a alma de
quem busca, encantar-se com o enredo e o perfil dos
personagens?
Eu queria que as imagens fossem desafiadoras...
Que instigasse, que provocasse o terceiro elo...
Que o fizesse divergir dos meus conceitos, apelos e propostas...
Eu queria criar um carrossel colorido diante de cada tristeza
percebida ou verdes labirintos, quando a alegria desafiasse
as certezas mais simples...
Onde , estará esse artista que poderá captar com fidelidade
as essências que despertarão o desejo de cada aceitação
desse convite?
Nem, sempre, as capas traduzem com exatidão,
o conteúdo de cada livro, algumas são mais estimuladoras
do que o próprio texto, outras em nada se conectam com
a essência da narrativa...
Muitas delas são frias, ásperas, desde às misturas das tintas
até as proporções e sombreados das imagens.
Ah! Na verdade, não me interessa descobrir , precocemente ,
o mapa da mina... Eu desejo sedução inteligente e criativa,
por que não ação e humor?
Tudo isso, com simplicidade e emoção...
Será que a ideia e conjunto de imagens estampadas na capa
de um livro têm o poder de atrair ou afastar um amante de
leitura?
E aqueles leitores que começam "acanhadamente" a interessar-se
por tão surpreendente deleite, como são estimulados ?
Será que somos movidos pelo impacto que a capa de um livro nos
causa, levando-nos à comprá-lo, sem nem folheá-lo ou não
nos damos ao trabalho, de sequer conhecer o seu autor e o
gênero da obra ?
Mesmo, se tratando de um livro técnico, a sua capa e imagens não
poderiam ser mais mobilizadoras para surpreenderem o leitor nas
abordagens propostas?
Gosto de viajar na beleza e na conexão das palavras de um texto
bem redigido, mas também gosto de ser convidada a
pensar, a refletir, a estabelecer conexões com o meu imaginário...
Porque um livro tem alma e nele existe um autor e um designer que
tentam trazer a realidade das palavras para fora, para o mundo que
se abre , a partir de cada virada de páginas e capítulos...
A alma, desses dois parceiros que concebem a obra e a estampa,
precisam singrar na mente de quem coloca esse convite, em suas
mãos e se pré dispõe a embarcar nessa trama.
Cúmplices viajantes, totalmente, envolvidos nesse complô de
sucessivas e inesperadas emoções.
Todo livro é um convite, não pode ser um objeto formal..
É um poderoso instrumento, mais que sedutor para uma
viagem singular, que por certo , estimulará a sua capacidade
de se achar no mundo e ter coragem para mudar a sua própria
realidade, ainda que as ferramentas estejam enferrujadas por
falta de uso ou desejo de conhecer e tentar coisas novas.
Um livro e sua capa necessitam conectar a alma instigante de
quem recebe o convite para o despertar diferente, nada
padronizado ou radical.
Um livro e a sua capa não poderão mudar a sua forma de ser e sentir,
mas você poderá mudar o conteúdo de qualquer livro, quando a sua
forma de pensar e sentir for algo inovador que acrescente novas formas
de liberdade e expressão, sem qualquer traço de repressão ou condicionamento.
Todo livro e sua capa precisam sintonizar a liberdade para o pensar diferente,
afinal, as cartilhas já não estão mais em circulação e as ideias de cada um voam
com suas próprias asas e adereços, mais que personalizados.
Lis Lisboa


